Competição entre mães.

Enquanto a manicure cuidava de minhas unhas, meus ouvidos estavam atentos para a conversa daquelas cinco mulheres que não paravam de falar um minuto sequer. Percebi de imediato que o assunto girava em torno de seus filhos. Todas elas eram mães. 

Uma das profissionais, inclusive, havia voltado ao trabalho carregando sua bebê de apenas um mês. Provavelmente, a necessidade a obrigara a proceder de tal forma. A nenê resmungava e passava de mãos em mãos das colegas que ajudavam a mãe enquanto esta cuidava das unhas das clientes. Entre um serviço e outro, amamentava e, sem descanso, voltava às atividades. 

Quando a criança começou a chorar, a cliente compreensiva disse: "Se precisar parar um pouco para ver sua filha, fique à vontade." Ela respondeu: "Está em boas mãos". Eram as mãos da colega que desceu às escadas com a menina no colo para trocar a frauda. Essa mesma mãe tinha mais dois filhos adolescentes que moravam com o pai.

Uma daquelas mulheres disse ter quatro filhos, outra três, outra dois e outra um. Uma delas me perguntou: "E você tem quantos?" 

"Nenhum" - respondi para zerar a conta.

Logo depois, essas mães começaram a disputar qual delas era a melhor pela explanação dos comportamentos de seus filhos e descrição de seus feitos desde à etapa do nascimento até a fase atual.

Tratavam-se de crianças tão perfeitas, inteligentes e prodigiosas que, se Maria, mãe de Jesus, estivesse participando da conversa, ficaria em dúvida se realmente havia sido o seu filho o enviado por Deus para salvar a humanidade.

Assim também acontece quando as famílias estão reunidas. As conversas das mães não costumam sair de seus filhos. É uma competição tão acirrada para provar qual é a melhor dentre as crias que fico encabulada e imaginando por que em meio a tantos Cristos ainda não estamos no melhor dos mundos.






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