É isso!
Acontece que não gosto de despedidas. Sei que de um encontro poderá não vir o reencontro, que um abraço carrega a possibilidade de jamais conter os mesmos braços, que um "até logo" talvez mascare o adeus que virá. Mas recuso-me.
Recuso-me a me despedir como quem não terá nova oportunidade de estar diante daquele outro. Apenas um "tchauzinho" e vou-me embora como quem sempre retornará.
E foi assim que segui sem olhar para trás, crente de que voltaria, acharia tudo e todos como deixei. Como se tivesse só "indo ali". Só "indo ali" na esquina e já volto. Como quem diz: espere por mim. Não demorarei. Não me prenda, não me abrace com tanta força, não diga que sentirá minha falta. Prometo que será breve. Só quero ir. Me solte. Vou voltar. Você vai ver. Voltarei. Deixe-me!
Quando dei por mim, já tinha ido. E não quis anunciar a partida. O telefone tocou:
"Como assim? Soube que você se foi e nem me disse adeus? Eu gosto tanto de você! Vou sentir sua falta."
- Sabe o que é? Não gosto de me despedir. Não me leve a mal. Eu também gosto muito de você.
"Como vão as coisas por aí?"
- As coisas estão se ajeitando. Estou me readaptando à nova realidade que já parece velha.
"Ando sabendo de coisas a seu respeito."
- Hãn?
"Uma delas animadora. Como você chegou à Física Quântica? Você não sabe como fiquei ao ser informado de que está tendo contato com esse conhecimento."
-Preocupado?
"Empolgado."
- Ah sim! E estou adorando.
"Você chegou onde precisava para compreender que a Vida é muito mais do que aquilo que concebemos e fazemos dela."
- Pois já imagino isso.
"Você terá a chave em suas mãos."
- Sim. Eu a tenho.
Um momento de silêncio.
"E o seu marido?"
- Não estamos mais juntos. Saí de casa. Separamo-nos. Somente amigos.
"Eu sempre soube que você é do tipo que passa pela vida das pessoas, deixa o que tem de deixar e vai-se embora. Você não é das que ficam."
- Acha mesmo?
"Sim."
-Pois é. Eu também acho que é bem por aí...
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