O sonho
Acabara de almoçar. E, sim!, estava bem alimentada, satisfeita por ora da fome de comida. Mas eis que saio do restaurante em direção a um café localizado na mesma quadra, a alguns passos de onde estava. Ao entrar no recinto, algo me chama a atenção de imediato e de imediato me transporta para a infância que não sai de mim. Ah, não sai, não sai. É como diz a escritora Lya Luft: "A infância é um chão que a gente pisa a vida inteira." Eu acabava de pisar na minha infância com os dois pés. E, se não me apressasse a caminhar, seria capaz de nela afundar completamente, e mais uma vez. Assim que entrei, o sonho me tomou. Eu vi o sonho à esquerda de mim. Recheado de doce de leite, recheado de goiabada. Meu Deus! Há quanto tempo não via um sonho? Nem me lembro. Ou lembro? Era na cidadezinha do interior com suas ruas de paralelepípedos que, criança, eu saltitava até a padaria de Messias. "Vó me dá dinheiro pra eu comprar sonho!?" Ela sempre dava. Dinheiro e tudo o mais que ...